O Rio de Janeiro recebeu no dia 14 de Março de 2009, uma das, senão a maior lenda do heavy metal mundial, o Iron Maiden. A banda britânica que na década de 80 apareceu em meio a uma revolução sonora chamada de NWOBHM (New Wave Of British Heavy Metal). Com os cabelos compridos, atitude rebelde e calças de couro, um novo conceito musical nascia para o mundo.
Décadas se passaram, muitos davam o estilo como morto, porém, não era mais um estilo somente musical e sim de vida. O heavy metal se tornou grande, imortal, praticamente uma religião. Muitos torcem por um time, uma religião, uma ideologia política, neste estilo de vida temos o Iron Maiden. Praticamente uma unanimidade em se tratando de ouvintes de heavy metal.
O último show realizado no Rio de Janeiro teve como base o lançamento do disco Dance Of Death. Alguns anos se passaram e o decepcionamento por eles não terem tocado em terras cariocas em 2008 estava chegando ao fim. Na noite do show, a temperatura inicialmente agradável com uma pequena chuva, acalmava os fãs, conforme a hora do início da primeira apresentação da noite, Lauren Harris, ia se aproximando o calor aumentava, a chuva mesclada ao suor, a adrenalina já percorrendo a veia, uma explosão de sentidos e sentimentos que só um real seguidor do estilo pode entender.
As luzes se apagam e voltam a acender em seguida para que Lauren assuma seu lugar ao palco, a banda contava com metade do espaço do palco comparado com a banda principal, Lauren (Vocals) filha do lendário baixista do Iron Maiden, Steve Harris, Lauren está lançando seu primeiro registro: Calm Before The Storm. A banda que ainda conta com Richie Faulkner (Guitars), Randy Gregg (Bass) e Tom McWilliams (Drums) apresentou um hard rock bem contagiante com ênfase nas guitarras de Richie que deu um show a parte. Lauren apesar de demonstrar um certo talento e beleza, ainda falta lapidar mais sua voz. A banda se mostrou cativante, tocando músicas do debut, empolgando os presentes. Peço desculpas aqui por não citar as músicas tocadas por Lauren e sua banda pois ainda não estou familiarizado com o CD.
Com o término do show da banda de Lauren, são retirados os equipamentos do palco para a entrada da atração principal, o Iron Maiden. A expectativa é imensa e o público começa a se aproximar mais do palco, a Praça da Apoteose, casa das escolas de samba do Rio de Janeiro, se torna naquele momento casa de 22 mil headbangers. No telão é passado um trecho do filme Flight 666, que estará nos cinemas em abril próximo, a premieré do filme será descrita em outro post. A voz de Winston Churchill começa a ecoar pela Apoteose, um prenúncio de que Aces High estava para começar, a banda invade o palco, explosões, os cinqüentões ainda se movimentam como adolescentes, Bruce Dickinson (Vocals) corre e incita a pequena multidão a acompanhá-lo. A segunda da noite foi Wratchild, música do início da carreira da banda que inicialmente não constava no set-list da turnê.
Os clássicos seguem e 2 Minutes To Midnight é executada com maestria, o entrosamento da banda faz jus a sua reputação e os já citados Bruce Dickinson (Vocals), Steve Harris (Bass) juntamente com Adrian Smith (Guitars), Janick Gers (Guitars), Dave Murray (Guitars) e o Sr. Simpatia Nicko McBrain (Drums) mostraram porque são ícones deste estilo de vida.
A arrastada Children Of Damned é tocada, os fãs cantam cada frase, uma música que a tempos não era executada ao vivo Phantom Of The Opera soou poderosa levando os fãs mais antigos a loucura, a seguir The Trooper, com Bruce vestindo uma roupa idêntica a que a mascote Eddie usa na capa do single e agitando a bandeira inglesa intensamente, recebendo um retorno estrondoso do público, uma das mais belas canções da banda, Wasted Years do álbum Somewhere In Time, fez corações dispararem, alguns chegaram as lágrimas, confesso que quando via alguém chorando em um show, não entendia o porque daquela situação, depois deste show, mesmo não tendo chorado, entendo a razão pelo qual outros fãs sucumbem ao choro, é realmente de apertar o peito poder cantar em voz alta as músicas que você ouviu a vida inteira juntamente com sua banda preferida.
Uma das mais fascinantes da banda: The Rime Of The Ancient Mariner, composta tendo como base uma poesia de Samuel Taylor Coleridge, empolga e fascina, o público se concentra e admira a música, enquanto a platéia se recuperava Powerslave começa como uma tapa na cara do ânimo dos espectadores. Run To The Hills e Fear Of The Dark são cantadas por todos, até os solos de guitarra. A penúltima do set regular Hallowed By The Name traz um sentimento indescritível, a última, mas não menos importante Iron Maiden nos leva a viajar a turnê registrada no álbum Live After Death, todos ficam apreensivos quanto a aparição do Eddie por detrás da bateria, eis que no meio do solo de guitarra juntamente com as devidas explosões, um imenso Eddie mumificado de aproximadamente 10 metros se ergue e mostra a todos o seu poder. Ao final da música fogos saem de seus olhos.
A noite já estava perfeita, apesar de alguns pisões e empurrões, não houve nenhum sinal de tumulto, casais e famílias inteiras (inclusive com crianças) acompanhavam o show como fãs alucinados sem nenhum tipo de preocupação. Mas em todo o show do Maiden deve haver um bis, era a hora de uma das músicas mais clássicas da banda: The Number Of The Beast com direito ao Diabo no canto esquerdo do palco e a enormes labaredas, dava para sentir o calor na platéia, depois se seguiu The Evil That Men Do, clássico absoluto, fechando a noite assim como a cidade, maravilhosa, Sanctuary com o Eddie saído da capa do álbum Somewhere In Time agitando com o guitarrista Janick Gers.
Falar de um membro ou de outro individualmente é tarefa difícil, Bruce tem sua movimentação e carisma, Steve é a alma da banda, Nicko é a simpatia em pessoa, Dave a todo momento chegava na beirada do palco e parecia um menestrel tocando sua guitarra para os espectadores, Adrian era a força, a garra e Janick a vitalidade.
Enfim, ficou um gosto de quero mais e me arrependo de não ter tido dinheiro para seguir para São Paulo e vê-los novamente. Fantástica apresentação. Para muitos o show de suas vidas.