segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Entrevista, Eduardo Martinez (Novembro - 2010)


Eduardo Martinez é violonista formado pela UFRGS e guitarrista das bandas Hangar, Lápide, Panic, Riffmaker e do projeto instrumental Freakeys.

Hoje em dia em turnê com a banda Hangar fazendo a promoção do álbum Infallible. Figura conhecida em todo cenário Rock/Metal nacional e internacional por sua técnica na guitarra e pela sua simpatia.



Martinez, lendo sua biografia em seu site no myspace, observei que você começou muito cedo a se interessar por artes de uma maneira geral. Quais os artistas que mais te impressionaram no campo das artes?

Impressionaram e impressionam Randy Rhoads, Bach, o violoncelista chinês Yo Yo Ma, Disney, Walter Carlos, John Willians, George Lucas, Spielberg, Kubrick, Leo Brouwer, Allan Holdsworth, Egberto Gismonti, Hieronymus Bosch, Sócrates, Platão, Darwin, Freud, que ciência também é arte. E mais um tanto deVilla Lobos, Beethoven, Miró, Paco de Lucia, Borghetti. Os violonistas Daniel Sá Thiago Colombo, Daniel Wolff, Paulo Inda, Eduardo Castañera, Márcio de Souza, meus primeiros professores Enrique Azambuja, Eládio José de Souza e Marcelo Fornazier. Meu professor de composição na UFRGS Celso Loureiro Chaves. Muitos.


Cara, eu me considero um desenhista frustrado rsrsrs, no mesmo site, li ainda que você tem o hábito de desenhar até hoje. O que gosta mais de desenhar?


É apenas uma válvula de escape, uma necessidade que surge e desaparece de tempos em tempos. Há uma (na verdade várias) história em quadrinhos perdida na qual um alter ego meu, Tenente Doringer viajava pelo espaço com seu mascote Aleph metendo-se literalmente em buracos negros peludos e outras besteiras. Essa história tinha vários colaboradores, amigos e outros músicos que desenhavam participaram. Foi vista pela última vez nas mãos dos irmãos Kolesne em 93...

Descarreguei parte da minha produção catártica no meu perfil para quem tiver interesse.

http://www.facebook.com/photo.php?fbid=1684513319047&set=a.1684512919037.93000.1424047568#!/album.php?aid=93000&id=1424047568


Quem realmente representa o desenho no rock é o NFL comics do Hamilton Tadeu que é um gênio.


Como foi o lançamento da sua guitarra signature pela Ledur? Hoje você é endoser da Takamine também correto?

Sim, da Ledur, Takamine, Maverick, Zoom, D’addario, Audio Technica, Lady Snake, Shred Cases, Planet Waves.

O modelo Martinvader surgiu da minha necessidade de um instrumento que tivesse as seguintes características: construção inteiriça em mogno, ponte fixa, cordas fixadas no corpo, 24 casas e captação ativa. A Ledur Martinvader é a ÚNICA guitarra no mercado que reúne todas essas qualidades por um preço perfeitamente acessível. Esse é o tipo de instrumento que se deve usar em estúdio pra gravar discos sérios e de qualidade. E é feita aqui.


Qual seu primeiro trabalho no meio musical?

A banda Panic, o LP Rotten Church de 1987, relançado em 2008 pela Marquee records.


Talvez o Hangar seja a banda que você participa que tenha o maior reconhecimento no cenário nacional. Levando em consideração o estilo abordado por ela, chamado às vezes de Power Metal, Metal Melódico, ou qualquer outro rótulo (eu prefiro usar apenas o termo Heavy Metal para ser mais sincero), a que se deve sua versatilidade para atuar em bandas de Thrash Metal como o Lápide ou o estilo instrumental mais virtuoso no projeto Freakeys?

A LÁPIDE é a banda do baterista Hércules Priester e do baixiste e vocalista Gabriel Siqueira. Conheci o Hércules através do Aquiles e gostei muito da energia deles ao vivo. Toquei baixo na Lápide inicialmente e aos poucos fui me envolvendo mais nas composições. Lançamos o CD Over The Grave em 2008. Compus muitas músicas deste CD e pra mim Over The Grave é um quarto álbum da Panic praticamente pois fiz quase todas as letras, gravei o baixo e todas as guitarras. O estúdio foi o Mr. Som e a produção do Marcello Pompeu, Heros e Alemão. Também temos um show com as músicas dos 3 trabalhos da Panic: Rotten Church, Best Before End, e Boiling Point. Ou seja, a LÁPIDE é a Panic também.


Tenho uma banda chamada Undercover com a baterista Irini Tsiftzoglou para tocar somente músicas que realmente gostamos, como Master of Puppets, Wrathchild, Highway To Hell, Burn, Breaking The Law, Mouth For War, inclusive composições do Hangar. Como são clássicos do rock a formação da Undercover varia conforme a região em que formos atuar. Em SP o vocalista é o Julio César, produtor da Gaijin Sentai e em Porto Alegre fazemos o show com o Gabriel Siqueira.


O projeto Freakeys foi um grande desafio. Tive que executar guitarras compostas por um tecladista. Foi como um trabalho de mestrado pois foi preciso recriar as idéias do Fábio Laguna, na guitarra real. Foi uma grande aventura pois tudo que é criado no teclado fica muito diferente das idéias típicas de guitarristas. O autor não conhece, ou realmente não está nem aí para o idioma da guitarra, se é “possível” executar a idéia ou não. Muito parecido com o repertório de violão que enfrentei na faculdade, pois muitas obras são de compositores não violonistas, ou adaptadas do cravo, alaúde, vihuela, violino, cello. Minha missão no FREAKEYS era dar um jeito. Sobrevivi. Toco One Jack, One Cup, One Lighter Freakeys e Gallamawhat?!! no meu workshop.


Fiz workshops com o Hangar e individualmente também. Estou preparando o material para um álbum solo e um recital de violão nylon, aço e guitarra.


Com a Irini tenho também um projeto chamado Heart and Guts onde ela toca e canta composições minhas, dela, de outros... Ela é muito talentosa, uma das raras mulheres que compõem e tocam seu próprio material no metal!





Diga-nos como é a experiência ao lado do Nando Mello, seu parceiro também na banda Hangar, no projeto Riffmaker?

Participei da Riffmaker desde seu início e gostei tanto que criei a Undercover para continuar tocando sons que as pessoas já conhecem, gostam como nós e tocam também. É uma emoção única ser músico e fan de metal e poder oferecer a própria interpretação em um tema como Paranoid por exemplo, uma música que já foi tão tocada, mas que se for pela mão de músicos experientes e que são realmente fãs de Sabbath torna-se uma experiência única pra quem está ali no show. Eu penso no repertório “cover”como um recital, instrumentistas do mundo inteiro tocam Bach, Villa Lobos, Brouwer, Sor, mas cada um tem a sua interpretação única, e aquele conjunto de peças que ele escolheu e dedicou uma vida de trabalho também torna a noite única, mesmo que você já “conheça” tudo o que foi tocado. Você entende isso quando assiste a banda dos seus amigos tocando Paranoid e quando vai ao show do Black Sabbath. A emoção está ali junto com a música, mas nas mãos dos donos dela se torna mais sua.


Vamos tentar nos apropriar cada vez mais dessas emoções e tentar entregar uma boa versão pra vocês no próximo show da Undercover.


Recentemente entrevistamos o Michael Polchowicz e ele disse que ainda tem contato com vocês. Você já ouviu a música S.O.S. da recente banda dele Venus Attack? Se sim, quais suas impressões sobre ela?

O Mike é um grande cantor e uma pessoa maravilhosa, desejo muita felicidade pra ele em todos os seu projetos. Ouvi e gostei, acho que ele está mais solto como compositor e intérprete, se expressando mais livremente, encontrando seu caminho que é muito amplo e versátil.


Do que você se lembra dos tempos das gravações do álbum “Inside Your Soul”?

De muito trabalho e confusões. Mas muito divertido. No CD/DVD Last Time was Just the begining há muito material em video dessas sessões.


Conte-nos o fato mais inusitado que ocorreu em uma das turnês que você fez pela banda.

Na tour do The Reason Of Your Conviction a roda do trailer que usávamos incendiou em plena estrada. Enquanto a galera gritava peguem o extintor o Aquiles gritava pega a câmera, de vídeo...


Um projeto muito interessante envolvendo muitos membros e bandas do metal nacional foi o William’s Shakespeare Hamlet. Como surgiu o convite para participar do projeto, como foi a experiência?

Foi durante as sessões de gravação do Inside Your Soul. Gravamos no mesmo estúdio. O projeto teve boa repercussão.Tocamos Hidden By Shadows muitas vezes ao vivo. Gosto de compor por encomenda.






Eduardo, eu considero The Reason Of Your Conviction como um pequeno divisor na carreira do Hangar, onde vocês aumentaram o peso no som da banda, mesclando com as linhas melódicas de outrora. Você tem esse mesmo sentimento? Devido a que optaram por um som mais pesado neste álbum?

Que bom que você achou. É um disco bem produzido, tocamos e tocaremos muitas músicas dele em todos os shows. A partir dele o Hangar deu um salto em termos de exposição e aceitação e pudemos fazer uma grande tour. Agora com o Infallible já superamos em número de shows e de público o TROYC.


De onde surgiu a idéia para este álbum? Como foram os processos de composição e gravação?

Após o Inside Your Soul seguimos nossa busca por mais um nível em nossa jornada. A composição do The Reason Of Your Conviction foi ao longo de alguns anos. Infallible foi composto em uma semana mais uma vida, pois na hora de compor todos trazem suas idéias e sua bagagem musical. As letras do TROYC foram feitas pelo Aquiles no conceito da mente de um serial killer. A gravação do The Reason foi em 2006 no estúdio Mr. Som da banda Korzus.




Como foi a reação da mídia e dos antigos fãs que já seguiam a banda quando o The Reason Of Your Conviction foi lançado?

Tivemos uma longa tour, vários eventos de lançamento e críticas muito boas. No Japão o CD teve um encarte extra em japonês com um release escrito pelo crítico Masa Ito que considerou o álbum uma obra prima.


Uma pergunta meio chata, mas que eu tenho que fazer, você ainda tem algum contato com o Nando Fernandes? Ficou alguma mágoa entre ele e a banda ou vice-versa?

Nenhuma da minha parte. É a vida. Somos o resultado de nossas escolhas e ele fez a dele. O registro de sua voz e suas excelentes interpretações ficaram para sempre. Mas estar 24 horas em função do Hangar não é pra qualquer cinco. É o que nos fez conquistar a confiança de vocês e das 23 empresas que nos apoiam.


A que fator deve-se a mudança de sonoridade da banda para a gravação do “Infallible”?

Se você diz que mudou... Deve ser porque um novo álbum é gravado em outra época por pessoas (que mudam) em locais diferentes com equipamentos e técnicos diferentes, e ainda bem, idéias diferentes. A vida é mudança. Mas a essência é sempre a mesma: tentar fazer um trabalho bem feito com atenção máxima aos detalhes e uma busca constante pela qualidade total.


Após mais uma substituição de vocalista na banda, foi incorporado ao Hangar o Humberto Sobrinho, que vinha fazendo um excelente trabalho na banda Glory Opera e na minha opinião uma decisão muito acertada. Como vem sendo a aceitação dos antigos e novos fãs da banda? E quanto ao novo álbum, a aceitação do público tem estado à altura de suas expectativas?

Sim, e superando todas as expectativas. A cada show Humberto se supera e não conheço vocalista melhor ao vivo do que ele. A banda cresceu com Infallible, vemos isso no maior público nos shows.


Como tem sido o retorno das músicas novas nos shows?

Pessoas cantando junto e conhecendo bem as músicas e suas partes instrumentais. Temos vendido muitos CDs e camisetas nos shows também. Após o evento sempre ficamos com os amigos, pessoas querem nos conhecer melhor, tirando fotos e autografando tudo que nos trazem até o último fã ir embora. Na Expo Music este ano fizemos 4 shows acústicos lotados, um deles foi em frente ao stand da AMI e paramos a feira.


Uma curiosidade comum dos fãs, de todas as músicas do Hangar, qual você mais gosta de executar ao vivo?

O meu gran solo de arena de 5 minutos. Mas ele só acontece se houver muitos pedidos. É um prazer enorme tocar qualquer coisa com esses caras e sou eternamente grato pelo convite para entrar no Hangar, há dez anos.


Como surgiu a idéia de ter um ônibus próprio para a banda ? Quais as vantagens e desvantagens de ser ter um tour bus próprio?

Esse projeto é antigo e graças a parceria Selenium alto falantes e amplificadores Maverick pudemos colocar a idéia na estrada. Estou usando os amplificadores valvulados Maverick e o Mello os Warm Music que são marcas da Selenium, que agora é uma marca do grupo Harman e para isso ganhamos um tour bus Scania para podermos levar todo o nosso equipamento. São mais de 4 toneladas que vão conosco para qualquer lugar do Brasil. Assim conseguimos sempre a máxima qualidade de som no palco, cenário, uma festa.


Edu fica aqui o espaço para você mandar uma mensagem aos fãs espalhados pelo globo.

Amigos busquem o que seu coração manda e não poderão estar enganados. Nos vemos nos shows, confiram a agenda em http://www.hangar.mus.br/ e www.myspace.com/martinezofficial e muito obrigado pelo espaço amigos.

2 comentários:

Daemon disse...

Animal!!!! parabens pela entrevista!

Fernanda Schenker disse...

o Martinez é o cara :)
otima entrevista!