Natural de Porto Alegre, Michael Polchowicz lança seu primeiro trabalho em 1999, cantando com a banda de heavy metal Hangar, no álbum debut, Last Time,depois de uma série de shows de divulgação por todo o país, arrancando ótimos elogios da crítica especializada e com isto, conquistando boas colocações em votações populares, de melhor cantor, realizadas pelas mídias mais influentes do ramo, em 2001 vem a confirmação do bom trabalho, no segundo álbum da banda Hangar, Inside Your Soul , que novamente é bastante elogiado pela crítica, atingindo tamanha repercussão, que lhe rendeu um contrato internacional com a gravadora européia Athreia Records. E novamente figurando entre os melhores cantores, na opinião da crítica e do público.
Em 2005, Michael deixa a banda Hangar para se dedicar aos estudos e dar um novo rumo à sua carreira. E apesar de não ter interpretado, participou de algumas das composições do álbum de 2007, “The Reason Of Your Conviction”. O trabalho mais recente, é de 2008, um remake do primeiro álbum do Hangar, porém com o nome “Last Time, Was Just The Beginning...” com duas músicas bônus e um DVD de extras. Atualmente Michael canta com a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, e está trabalhando no seu novo projeto de Heavy Metal chamado “Vênus Attack”.
Bom, primeiramente, gostaria de agradecer ao Michael pela entrevista e dizer que estamos muito felizes em saber da sua volta a cena Rock / Metal.
Michael, todos o conhecem por ser o primeiro vocalista da banda Hangar, tendo gravado os álbuns “Last Time” e o aclamado “Inside Your Soul” e reaparecendo no álbum “Last Time Was Just The Beginning” que consiste no relançamento do primeiro álbum mais um DVD com várias cenas e imagens de sua passagem pelo Hangar. Quais as lembranças que você tem dessa época e como foi se separar da banda?
Bem, quanto ás lembranças... São muitas, ainda hoje comento com alguns amigos sobre as coisas que passei com o Hangar, algum fato inusitado, alguma situação engraçada, que foram várias... Permaneci por 8 anos na banda, desde a sua fundação, participei dos principais acontecimentos. O primeiro grande show, o primeiro contrato com uma gravadora, tanto dentro e fora do Brasil, viagens inesquecíveis... Foram tantas coisas que passamos juntos que não tem como apagar. Sempre que converso com algum deles, do Hangar, relembramos alguns fatos.
E a separação foi dura, como qualquer outra separação, mas foi necessário, se não tivesse acontecido, talvez o Hangar não estivesse no patamar que está hoje e eu, talvez não tivesse conseguido me aprimorar como músico. Foi a coisa sensata na época.
Ainda em suas raízes musicais quais foram suas influências e o que o motivou a ser vocalista de uma banda de Heavy Metal?
Vamos do início: a minha mãe sempre gostou de escutar rock´n´roll, cresci escutando Deep Purple, Rush, Led Zeppelin, Queen, Journey e etc. E eu ficava fascinado escutando o Ian Gillan, Steve Perry ou Geddy Lee cantando. E quando assisti ao primeiro Rock in Rio, pela televisão e fiquei completamente enlouquecido com os shows do Iron Maiden, Queen e Whitesnake. Realmente fiquei muito impressionado com as performances de Freddie Mercury, Bruce Dickinson e David Coverdale. Mas quando assisti aos shows do Faith No More e Queensrÿche no Rock in Rio 2, acho que foi a confirmação do que eu queria para a minha vida. Queria ser artista, um músico, um “frontman”. E acredito que muita gente deve ter uma história parecida. Talvez até existam pessoas que começaram a cantar porque me viram cantando. Isto é o legal da arte. Ela contagia!
Uma pergunta clichê e que todos devem fazer a você. O que você fez nesse período afastado do Hangar?
Então?! Me dediquei aos estudos, aperfeiçoei-me como cantor lírico e músico, virei professor de música, cantei, e ainda canto, um monte concertos com a OSPA (Orquestra Sinfônica de Porto Alegre), sob a regência dos grandes maestros, Isaac Karabtchevsky e Manfredo Schmiedt. E ainda produzi alguns trabalhos musicais de amigos, mais como experiência. Hoje sou um cantor lírico bastante requisitado, com tatuagens e piercings, o que não é muito comum neste meio. Mas todos sabem do meu passado. E já estão sabendo do meu presente/futuro, a Venus Attack.
Com a situação caótica da banda Angra, Aquiles Priester (Drums, Hangar, Ex-Angra) reativou o Hangar juntamente com seus antigos companheiros Nando Mello (Bass) e Eduardo Martinez (Guitars) e assumindo os vocais, Nando Fernandes. Você foi contatado para a volta da banda?
Na verdade o Hangar nunca parou! O Aquiles sempre conciliava os compromissos. A banda só deu uma parada quando eu saí, e ficou mais ou menos 1 ano em standby porque estavam procurando outro cantor.
E quanto ao fato de ser contatado pelo Hangar... Sempre converso com eles, pois somos amigos. Principalmente o Nando Mello. Mas nunca falamos sobre um retorno meu à banda. Quando deixei o Hangar, foi uma decisão que tomamos juntos e foi bem pensada.
Não tenho mágoas, pelo contrário fico muito feliz quando leio em sites, blogs e revistas, sobre o Hangar. Porque sei as dificuldades que passamos juntos. Eu fiz parte disto, tem um pedaço de mim lá!
E quando eles finalmente encontraram um substituto para mim, confesso que fiquei aliviado, pois já estava me sentindo culpado em ver a banda parada. Eu até cheguei a escutar alguns dos testes junto com o Nando Mello. Não foi fácil encontrar alguém.
Quais foram suas impressões do álbum “The Reason Of Your Conviction” e o que você achou do Nando Fernandes interpretando as canções que você tinha gravado outrora? E o que você acha da atual formação da banda? – Lembramos aos leitores que Nando Fernandes saiu do Hangar após a turnê do álbum “The Reason Of Your Conviction” dando lugar a Humberto Sobrinho.
Bem, quando escutei o T.R.O.Y.C. (ouvi antes de ser lançado), fiquei muito impressionado com a qualidade sonora da banda, e achei o Fernandes bastante competente. Gostei das interpretações dele. Mas o cérebro, o grande mentor e o destaque do trabalho, foi o Aquiles. Quando escutei o álbum pronto, percebi com muita clareza as idéias dele. Até nos vocais consegui perceber o dedo (ou tentáculo) do Polvo. O cara realmente é demais! Vi que o álbum manteve as linhas vocais iniciais, mas com um toque mais agressivo.
E o “Infalible” (o novo álbum do Hangar), é um dos meus CDs favoritos. O Humberto acrescentou muito. O cara é muito bom mesmo! E digo mais, ele está entre os melhores cantores da atualidade.
Como é seu relacionamento com os antigos companheiros?
O meu relacionamento com os integrantes do Hangar é tranqüilo. Sempre que nos encontramos ficamos fazendo piadas uns dos outros. E o mais legal foi que em Abril, o Hangar fez um show em Porto Alegre e eu fui prestigiar os amigos... Acabei subindo ao palco e fizemos um “revival”! Foi muito legal ver alguns fãs com lágrimas nos olhos. E o mais interessante é que o Humberto entrou no clima e estava emocionado também. Ele é um cara muito legal, bem humorado, estava fazendo piadas e tal; parecia que nos conhecíamos a anos. Aquela noite foi inesquecível!
E sempre que posso eu converso com eles. As vezes telefono para o Nando Mello para “tocar uma flauta” nele, quando o time para o qual ele torce, perde. É que torcemos para times rivais... E seguidamente encontro o Martinez pelas ruas de Porto Alegre. Ele mora perto da minha casa.
Como foi gravar a música T.R.O.Y.C.?
A T.R.O.Y.C. foi uma das primeiras músicas a ficar pronta, mas o que fiz foi uma gravação demo, sem muita produção. Vi que tem no Youtube e em alguns sites para download. Mas acho que isto é um material para fãs mesmo, que gosta de ter tudo que aparece da banda, porque a qualidade não está grandes coisas. Afinal... É uma demo! Mas eu cheguei a gravar quase todas as músicas. A pré-produção do álbum “The Reason Of Your Conviction”, que foi apresentada para a gravadora, foi com a minha voz. Depois o Fernandes só regravou.
Em seus tempos de Hangar, vocês gravaram uma faixa no projeto William Shakespeare´s Hamlet. Como surgiu o convite?
Bem, a gravadora que lançou o Hamlet era a mesma que havia lançado o “Inside Your Soul”.
Acho que foi por aí. E também o Hangar estava começando a despontar na cena do heavy metal mundial. O Aquiles já havia gravado o álbum “Nomade” do Paul Di´Anno e estava gravando o “Rebirth” do Angra. E isto, com certeza ajudou a banda a ganhar mais notoriedade. E claro, a qualidade da banda também contou.
Como foi o desenvolvimento da música para este álbum?
O produtor nos mandou a letra, que era um capítulo da obra e imediatamente eu e o Martinez começamos a estruturar a música, mas esbarramos na língua! A letra estava em inglês arcaico, o que dificultou um pouco para criarmos as “situações” dentro da música. Eu não sabia nem a pronúncia de algumas palavras. Apesar de eu ter lido Hamlet e saber da história, era preciso seguir o que aquela letra estava dizendo. Porque não foram os textos de Shakespeare, foi um poema de Adriano Villa baseado na obra de Shakespeare.
Lembro de ter ido consultar uma professora de inglês especializada em literatura Inglesa. E foi o que nos salvou. E lembro, também, de ter gravado a “Hidden By Shadows” enquanto estavam rolando as gravações do “Inside Your Soul”. Só a “To Be...” que voltei a São Paulo uns 2 meses depois para gravar a minha parte.
Se houvesse um convite para retornar hoje ao Hangar, você aceitaria?
Esta pergunta é complicada, porque nunca sabemos o que pode acontecer amanhã. Mas no momento eu não retornaria. Estou passando por outra fase, tanto musical quanto pessoal. Tenho outros interesses que divergem com os do Hangar. E estou feliz com a minha nova banda.
Falemos do presente então, você está com uma nova banda chamada Venus Attack. Como surgiu a idéia da banda? O nome dela tem algum significado especial?
A idéia da banda foi o seguinte: o Jairo havia me convidado para montar uma banda que tocaria só covers que gostamos, sem pretensão alguma, só que nesse meio tempo, o Hangar perdeu o seu segundo vocalista, e com isto, recebi um monte de mensagens de fãs, pedindo o meu retorno à banda. Até no telefone, não sei como conseguiram o meu número. Mas foram muitas mensagens mesmo, em todos os canais de comunicação via web, possíveis. Eu tive que encerrar um dos “instant messanger” que usava. E com todo aquele alvoroço, começou a bater a saudade dos velhos tempos. E também eu não tinha noção da minha influência para a cena “heavy metal”, até aquele momento. Então cheguei para o Jairo e disse à ele: - Porque ao invés de formarmos uma banda para tocar covers, não montamos uma banda de heavy metal, (que é a minha praia), com músicas autorais. Então ele percebeu a importância daquilo tudo e topou. O nome da banda é porque sou fascinado por filmes de ficção e o nome Venus Attack arremete aos grandes filmes, do gênero, que marcaram épocas como: Invasores do Espaço, O Ataque dos Carangueijos Monstros, Plano 9 do Espaço Sideral e por aí vai.
Pelo que pude ler sobre o Venus Attack é que você e Jairo encabeçaram a idéia. Como vocês chegaram aos outros músicos?
O Jairo é um músico bastante requisitado aqui no Sul, já gravou muitos jingles e já trabalhou com muitas bandas e artistas tradicionalistas regional, como músico de apoio. E com isto ele conheceu muita gente. Então, o Daniel e o Renato já haviam trabalhado com ele em algum desses projetos, pois eles também fazem este tipo de trabalho como músicos de apoio. Então foi através do Jairo que o Daniel e o Renato entraram para a banda.
Mais do que eu esperava! Quando lançamos esta música não imaginávamos que a receptividade seria tão grande.
A música teve mais de mil plays no período de 1 mês, quando postei-a no meu MySpace. E quando foi para o YouTube, teve duzentos plays em um dia. E com todos esses acessos, também começaram as perguntas sobre um álbum. O que nos deixou mais animados ainda. Pois vimos que a música agradou. A S.O.S. nem foi tão produzida, foi mais para experiência, e ver qual seria a reação dos fãs.
Qual a história por trás desta canção?
Eu havia escrito esta letra a uns 3 anos. Ela fala sobre as catástrofes ambientais decorrentes da ação do homem. E no primeiro ensaio com a Venus Attack mostrei a letra com uma idéia de melodia; prontamente o Jairo começou a fazer alguns riffes na guitarra em cima do que eu estava cantando e daqui a pouco surgiu uma levada de bateria e baixo, e foi que a música fluiu naturalmente. Por isto ela foi a escolhida para a nossa experiência de reconhecimento.
Existe alguma previsão de lançamento do álbum ou algum single relacionado a ele? Já se passam as idéias e possibilidades para uma possível tour?
Bem, quanto ao álbum, segundo o nosso planejamento é para ficar pronto em Dezembro para ser lançado no início de 2011. Se não ocorrer nenhum imprevisto... Até agora estamos dentro da agenda. E também estamos estudando como vamos lançar este material, se vai ser um CD normal, ou outra forma que fique acessível para os fãs e para a banda ou as duas formas. Estamos trabalhando com algumas propostas.
E como faltam alguns meses, ainda, para 2011... Para amenizar um pouco a ansiedade dos fãs, vamos lançar mais um single em Outubro. E junto o MySpace oficial da Venus Attack, onde os fãs vão poder se manter atualizados sobre as questões da banda.
E quanto a tour... Só depois do lançamento do álbum.
Além do Venus Attack, existe mais algum projeto em mente? Como foi sua experiência no projeto Journey Night? Quais bandas do passado e presente que você tem ouvido ultimamente?
Sobre projetos:Atualmente estou trabalhando somente com a Venus Attack e com a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre e não tenho mais nenhum projeto em mente.
O Journey Night: o Journey Night foi uma experiência legal, foi uma banda que montamos com prazo de validade, a banda era para durar 8 shows. Foi um contrato com um empresário aqui do Sul para tocar só músicas do Journey. Também foi através do Jairo que isto aconteceu. O empresário falou com ele que por sua vez, sabendo da minha paixão por Journey, conversou comigo e topei na hora. Além da diversão de estar tocando músicas dos meus ídolos, o projeto teve uma boa recepção.
O que ando escutando: ultimamente tenho escutado de tudo, pois como sou professor de música tenho que estar inteirado do que anda acontecendo no universo musical.
Mas vou te dizer o que tem no meu Ipod:
Hangar – Infalible
Hangar – Inside Your Soul
Tierramystica - A New Horizon
Nevermore - Obsidian Conspiracy
Steel Heart – LOL
Pink Floyd – The Dark Side of the Moon
30 Seconds To Mars – This is War
Strapping Young Lad – City
Journey – Arrival
Queensrÿche – Promised Land
E uma coletânea dos anos 80
Alguma coisa lhe chama a atenção? Como você vê o cenário Rock/Metal atual?
O Tierramystica esta arrebentando. O CD deles, que foi lançado, acho que a umas 2 semanas, é espetacular. É um heavy metal diferente, tem aquele diferencial das harmonias andinas e o vocalista é muito bom. Também achei legal a banda que o Mike Portnoy acabou de gravar um álbum, Avenged Sevenfold.
Já teve a oportunidade de produzir alguma banda?
Eu produzi duas bandas de amigos, mas foi mais para experiência. E estou produzindo a Venus Attack.
Como foi atuar no coral da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre?
Bem, ainda atuo com a OSPA e canto no coro. A música erudita é uma das minhas paixões. Inclusive este ano esta tendo muitos concertos. Acabei de cantar o Réquiem de Brahms.
Michael, agradecemos mais uma vez a disponibilidade de seu tempo para responder nossas perguntas e esperamos ansiosos pelo full-lenght da Venus Attack, desejamos sorte e um grande retorno a cena. Por favor deixe uma mensagem para seus fãs espalhados pelo mundo e que tem apoiado seu retorno
Muito obrigado á todos aqueles que acompanham a minha carreira desde os tempos de Hangar e aos novos fãs também, por me apoiarem e espero que vocês gostem da Venus Attack.