No não tão longínquo ano de 1979 o mundo do Heavy Metal se surpreendeu e ganhou forças com uma demo tape intitulada The Soundhouse Tapes. A capa simplória de cor vermelha com o logo da banda e foto do vocalista foi um grande sucesso e serviu de referência para todas as outras bandas de Heavy Metal. O grupo ganhou notoriedade e em 1980 lançou seu primeiro full lenght chamado pelo mesmo nome da banda, Iron Maiden.
O rapaz com postura punk vestido com uma jaqueta de couro e calça jeans que aparecia na capa da demo tape era o jovem Paul Andrews, mais conhecido como Paul Di’Anno. Depois de dois álbuns de estúdio gravados sob o nome Iron Maiden e alguns singles e registros ao vivo, Paul foi desligado da banda e seguiu carreira por vários projetos solo.
Paul Di’Anno, Killers, Di’Anno e Batlezone foram alguns nomes adotados pelas bandas do vocalista, hoje com seus 52 anos e comemorando o 30º aniversário do lançamento do primeiro álbum do Iron Maiden. Paul Di’anno faz uma extensa turnê de 22 shows em território brasileiro.
Em uma quinta-feira (ótimo dia pra se fazer um show, ninguém trabalha na sexta, putz), dia 26 de Agosto de 2010 foi a data escolhida para a realização do show na cidade do Rio de Janeiro. Depois de um dia de muito calor e céu claro e um dia de trabalho extenuante, seguimos em direção ao Hard Rock Café – RJ.
A casa é muito boa mas infelizmente localizada em um local ermo da cidade. O ambiente da casa é muito bom e aprazível, sua decoração impressiona, mas os preços assustam.
A abertura do show ficou a cargo da banda brasileira Scelerata, banda do Rio Grande do Sul que lançou em 2006 o álbum Darkness And Light e em 2008 o álbum Skeletons Domination. A banda é formada pelos músicos Fabio Juan –(Vocals), Renato Osorio (Guitars), Magnus Wichmann (Guitars), Gustavo Strapazon (Bass) e Francis Cassol (Drums). A banda além de ser o open act do evento, também serve de apoio para Paul Di’anno.
Os caras do Scelerata começaram a noite agitando, levando uma parte do público para a pista. Além das músicas de seus dois álbuns, a banda mandou o cover de Master Of Puppets do Metallica, que incendiou o público.
Banda Scelerata.
O som não estava muito bom nas duas primeiras músicas e houveram alguns momentos de microfonia. Tirando este fato, posso dizer que a banda fez uma apresentação correta, dentro do que se espera de uma banda de Heavy Metal, bem entrosada, as músicas pesadas e o som estava muito alto. Destaco a animação e a energia do batera Francis Cassol, um verdadeiro animal das baquetas.
Uma breve pausa e o que acontece é apenas a substituição do vocalista. Ao som de Ides Of March, Paul Di’anno sobe ao palco e me fez lembrar uma passagem da biografia do ex-presidente iugoslavo Josip Broz Tito, a qual eu faço umas pequenas alterações para descrever Paul Di’anno, ele parecia um velho tigre atrás do microfone, só esperando o momento certo para dar o seu bote certeiro. Logo depois da faixa instrumental vem um dos sons mais pesados e clássicos dos seus lançamentos com a Donzela de Ferro (Iron Maiden), estamos falando de Wratchild, foi o suficiente para Di’Anno ter o público em suas mãos, com certeza o bote certeiro.
O público agitava e cantava cada pedaço da música mas a primeira a ser tocada do primeiro álbum do Maiden foi Prowler, seguida por Marshal Lockjaw da sua carreira solo sob o nome Killers.
Murder In The Rue Morgue foi mais uma de sua época áurea no Maiden, era surreal ver o vocalista original dos dois primeiros discos do Maiden, eternos clássicos do Heavy Metal mundial. Mad Man In The Attic do álbum Nomad, último disco de inéditas sob o nome Di’Anno lançado em 2000.
Strange World retoma a temática da tour celebrando o aniversário de trinta anos de lançamento do álbum Iron Maiden e The Beast Arises do Killers e Children Of Madness do Battlezone. Pausa para Di’Anno e os músicos do Scelerata tocam Gengis Kahn faixa instrumental do primeiro álbum do Maiden, executada com vontade, levantando a galera.
Paul Di'Anno.
Di’Anno volta com a maravilhosa Remember Tomorrow, fazendo com que a voz do público cobrisse a voz de Di”Anno em alguns momentos, era óbvio que o que todos queriam ouvir era os clássicos do Maiden.
Mais duas da carreira solo Faith Healer e A Song For You da banda Killers e depois só se ouviram clássicos, Charlotte The Harlot, Killers, Phantom Of The Opera, Iron Maiden, fazendo com que a famosa “roda” tomasse conta da pista do Hard Rock Café, Running Free e a instrumental Transylvania levaram a galera ao delírio, a promessa estava quase cumprida e faltava pouco para o final do show.
Depois da seqüência de clássicos, Di’Anno manda um som de uma de suas bandas favoritas, os Ramones, Blitzkrieg Bop faz com que uma grande roda tomasse conta da pista, desta vez superando a realizada em Iron Maiden, fechando o set e o incrível show ... Sanctuary mais um dos eternos clássicos entoados por Paul Di’Anno em seus tempos de Iron Maiden.
Paul Di'Anno e banda Scelerata.
Saldo extremamente positivo nesta noite de quinta-feira, acordar na sexta foi foda, mas fazer o que? Vida de headbanger é assim mesmo, não tem dia, clima e horário que o segure.
O Scelerata tocou com vontade todas as músicas e ajudaram a levantar o ânimo dos presentes fazendo uma bela homenagem ao Iron Maiden e porque não ao próprio Paul Di’Anno, que lembrou de uma forma carinhosa o ex-baterista Clive Burr.
Paul Di’Anno foi de uma simpatia ímpar e atendeu aos fãs que ficaram depois do show, tirando fotos, distribuindo autógrafos e conversando com os fãs, sacanagem foi apenas a ausência de organização na hora de falar com os músicos, pois ficou um amontoado enorme na porta da sala onde eles se encontravam e diversas pessoas foram passadas na frente dos que estavam na “fila” devido aos famosos conchavos.