A música brasileira sempre foi dotada de muitos talentos, como tudo que circunda dentro do universo ao qual pertencemos, sempre existe algo ou alguém que se diferencia e se torna um ícone.
Nando Fernandes é um desses talentos que despontaram no cenário musical e uma pessoa apaixonada pelo que faz, um cantor que teve cara e coragem para entrar em um canal de TV aberta comandado por evangélicos e levar um pouco do universo do Rock N’ Roll para os lares brasileiros.
Nando participou de várias bandas incluindo em seu histórico passagens pelo Cavalo Vapor, Hangar, o projeto SoulSpell entre outros e é com esse grande artista que tivemos a oportunidade de bater um papo.
Confira agora a mais essa grande entrevista. Nando há um tempinho atrás foi disponibilizado na sua comunidade “oficial” no Orkut o download do álbum da banda Mr. Feeling, nunca lançado. O trabalho tem uma ótima qualidade musical! Conte-nos o que deu errado para isso nunca ter saído no mercado.
R: Nada deu errado. Foi um CD gravado em Nova Iorque com produção do grande Alex Periallas (Anthrax, Bad Religion, Testament, Overkill, entre outras) e que na época não encontramos nenhuma gravadora, só isso! Quem sabe um dia sai oficialmente.
Outro projeto muito bom do qual participou é o Shining Star. Tive a oportunidade de ouvir e gostei bastante. De onde veio a idéia desse projeto?
R: Esse projeto é de um guitarrista nordestino chamado Fábio Rocha, que convidou os irmãos Busic para gravar e os mesmos me indicaram para cantar. Fiz apenas dois shows desse CD, um em Recife, junto com a primeira apresentação do Shaman, ainda com André, e outro no Centro Cultural de São Paulo.
Antes de chegar à banda Hangar, onde ficou conhecido nacionalmente e internacionalmente, você participou de quadros do Raul Gil e foi backing vocal da Wanessa Camargo. Como foram essas experiências?
R: Foram experiências diferentes. É muito difícil se manter num programa como o do Raul Gil, no meu caso em 30 programas, cantando somente Rock and Roll, o estilo não era muito bem aceito por alguns jurados e eu não podia cantar qualquer coisa por se tratar de um canal evangélico, mas me saí bem, eu acho! Agora, em relação à Wanessa Camargo, a coisa pesou no bolso mesmo, rolava uma grana muito boa e não pude dizer não, tenho família e dois filhos maravilhosos pra criar, entendeu? Fiquei lá por quase dois anos, gravei um DVD, com produção da Marlene Matos e foi muito bom desfrutar das regalias de se acompanhar uma das maiores artistas POP na época no Brasil.
Após sua entrada no Hangar, já havia uma demo entregue a gravadora com quase todas as músicas gravadas pelo Mike. Porém, após sua regravação as músicas ficaram com mais feeling, mais agressividade, tendo uma melhor ligação com o tema central do álbum. Como foi o período de gravação e a sua dedicação à interpretação das músicas?
R: O que foi dito pra mim na época das reuniões para minha entrada foi exatamente isso, que eles tinham tirado o Mike da banda porque a rejeição por parte dos caras das gravadoras de fora tinha sido muito grande, sempre criticando o timbre e a afinação e que eles precisam de uma voz realmente forte pra interpretar aquelas músicas. Quando comecei a gravar procurei respeitar as linhas que estavam definidas, mesmo não gostando de algumas coisas. Sempre apresentei idéias, e acho que algumas coisas poderiam ter ficado muito melhores, porém, foram pouco aceitas por parte da produção. Outro fator é que tudo foi feito na correria, com prazo, com o Heros e o Pompeu no limite da dedicação e do comprometimento, eles realmente foram os responsáveis por muita coisa ter dado certo naquela época e na verdade eu não tive tempo e nem espaço pra colocar melhor as minhas idéias, mesmo gravando mais de 8 horas por sessão de gravação, coisa de psico mesmo!
A tour do álbum The Reason Of Your Conviction pode-se dizer que foi um verdadeiro sucesso. Pude vê-los ao vivo duas vezes aqui no Rio de Janeiro (No Clube Mackenzie no Méier e no Canecão junto com Andre Matos). Em sua opinião, quais foram os pontos altos e baixos da tour ?
R: Os pontos altos da turnê foram às aberturas que fizemos pra grandes nomes como: Dream Theater, Queensryche e Sepultura, além de nossa passagem pelo nordeste, onde tocamos pra verdadeiros fãs de metal, assim como no Rio de Janeiro em todas as oportunidades que estivemos por aí. Não dá pra esquecer também nossa única apresentação internacional num grande show no Paraguai. Sobre os pontos baixos prefiro não falar, mesmo porque fiz questão de apagar da minha memória, melhor assim, senão essa resposta não teria fim!
Foi publicado em fevereiro uma volta sua aos palcos como frontman da banda Glory Opera, coincidentemente a banda do Humberto Sobrinho que o substituiu no Hangar. Havia anúncio de umas datas de shows em Manaus, porém parece que o projeto não foi adiante. Como surgiu o convite e por qual motivo o projeto não foi adiante ?
R: O primeiro contato que tive com a banda, foi através de um telefonema do grande baterista Helmet, ele ligou me convidando para alguns shows no Nordeste, mas, sem o compromisso de ser o novo vocalista da banda. Nesse primeiro contato fui bem claro em dizer que no momento não poderia, mas que poderia indicar algumas pessoas, e foi o que fiz naquele momento. Depois, num segundo contato, já passado mais algum tempo, eles me procuraram para novos shows, na época minhas outras atividades estavam mais tranqüilas e assim surgiu a idéia de fazermos algumas datas unindo as forças, nomes e repertório. Chegamos a montar um show e ensaiar, mas, infelizmente, não conseguimos levar a diante por incompatibilidade das agendas, mas mesmo assim, a experiência de tocar com eles, mesmo que nos ensaios, foi maravilhosa, achei a banda extremamente competente, eu nunca havia cantado as músicas do Hangar com tamanha precisão de execução, principalmente por parte das guitarras, outro detalhe foi ensaiar ouvindo tudo de forma equilibrada, sem a bateria estar cobrindo tudo, porque nesse tipo de som a dinâmica é fundamental, foi demais mesmo, da mesma maneira que fui muitíssimo elogiado nas musicas do Glory Opera.
Já é divulgado há algum tempo que você está gravando um novo projeto e que um dos membros envolvidos era o Eloy Casagrande, baterista da Banda Andre Matos. O que pode nos adiantar de novidade?!
R: Estamos trabalhando em 3 músicas, e sem pressa alguma, quem sabe assim dá certo, rsrsrs! Além do Eloy na bateria, tem o Tito Falaschi no baixo, o tecladista Maurício Del Bianco, do Soulspell, e o extraordinário guitarrista Gus Barros, ex Tempestt.
Como você vê o cenário Rock/Metal no Brasil em 2011? Notamos que bandas grandes estão tocando em lugares pequenos, já sem o mesmo prestígio de antigamente. Qual sua opinião sobre o assunto? Deve-se ao mesmo fator a demora à sua volta ao cenário?
R: Na verdade nunca deixei os palcos, apenas estou sem me apresentar com uma banda de músicas próprias, o que espero estar fazendo novamente muito em breve. Minha opinião sobre a má fase do rock em geral é que o descaso com o estilo é mundial, precisamos estar sempre produzindo e prontos para o aquecimento do mercado, a fase geral é ruim, e a culpa é de quem manipula esse mercado, onde sempre existem muitos outros assuntos que envolvem o lançamento de uma banda e não somente a parte musical, infelizmente. É INACEITÁVEL, ver um país tão rockeiro como o Brasil, ter suas bandas agonizando, muitas vezes morrendo por não ter o que fazer pra sobreviver. Ter o Tiririca no Senado, a Sandy fazendo comercial da Devassa e a Bruna Surfistinha como um ícone no cinema, mostra que a coisa tá feia mesmo! As chamadas bandas grandes aqui do Brasil deveriam se unir, juntando suas produções e equipamentos e saírem em turnê, bancando suas divulgações e locações e no final de tudo dividirem seus lucros e prejuízos.
Carta de Ronnie James Dio ao Cavalo Vapor.
Infelizmente há pouco tempo, o Heavy Metal mundial sofreu uma grande perda que foi Ronnie James Dio, de quem você era assumidamente grande admirador. Qual foi seu sentimento com essa perda?
R: Perder o DIO pela idade ou problemas normais de um idoso já seria uma coisa triste, perder pra essa doença maldita foi pior ainda, só espero que ele não tenha sofrido muito. Ainda choro muito sua partida prematura, e isso ainda vai durar por muito tempo! Atualmente, faço homenagens a ele em todas as minhas apresentações cantando Holy Diver e Raimbow In The Dark e posso dizer que é sempre muito difícil chegar até o final sem lágrimas nos olhos. Minha relação com Dio foi além de ser um simples fã, em todas as oportunidades que nos encontramos ele sempre me deu muita atenção e até me escreveu uma carta dizendo que se eu amasse o Rock and roll, como ele, que eu deveria manter isso seguro para todas as pessoas quando ele e os caras da banda dele fossem embora, mas isso rolou em sua primeira vinda ao Brasil com o Black Sabbath, nessa época eu cantava no Cavalo Vapor e ele até usou a camiseta da banda no final do show, foi fantástico. Com certeza hoje em dia depois de sua morte o céu não é mais o mesmo, assim como o heavy metal também não será por muito tempo.
Uma pergunta que condiz com o cenário chamado “rock” atual. Bandas vendidas à mídia, com pouco conteúdo. Como você definiria esse momento de pobreza da música nacional e mundial?
R: A culpa é da tecnologia e de quem a usa de forma descontrolada, e digo isso de “grandes” bandas também, a coisa ficou tão fácil de ser arrumada em estúdio que qualquer um hoje em dia canta ou toca, e digo mais, ainda vira ídolo nacional. Quero ver essa galera gravar na raça, sem computador, sem edição, assim você vai ver a desgraça que sai, espero que tudo volte ao normal um dia e que o talento dos músicos novamente tenha o seu devido reconhecimento. Quem sabe tem que fazer ao vivo. Eu realmente espero que os falsos produtores e bandas de mentira sejam extintos do mercado e que bandas como: Carro Bomba, Tempestt, Madgator e muitas outras que eu conheço sejam realmente valorizadas.
Nando, você já se mostrou um vocalista excepcional, cantando diversos tipos de estilos principalmente dentro do estilo Rock. Existe alguma coisa com que faça com que você ainda não se sinta realizado em sua carreira?
R: Gostaria de ter minha banda e compor em parceria com todos, naquele estilo anos setenta, sem pressa, sem concorrência na mesma banda, com gente madura e sem egoísmo no coração, tocar com irmão mesmo, sabe? Fazer músicas que realmente possam significar alguma coisa para as pessoas, sem pensar na dificuldade ou na velocidade que essa música vai ter.
Como foi feito o convite para fazer parte da Metal Opera, Soul Spell, e como você vê este projeto?
R: Foi através do próprio Heleno Vale, ele me mandou um CD demo, muito ruim por sinal, rsrsrs....mas acreditei na força de vontade dele e nas coisas que ele me disse na época em relação ao projeto. Fui um dos primeiros a aceitar o convite junto com o Leandro Caçoilo, que me ligou e juntos decidimos entrar. Depois disso muita gente resolveu fazer parte também e hoje o que era um projeto 100% nacional, já conta com muitos vocalistas gringos, o que acho certo pra alcançar uma melhor divulgação mundial. Meu personagem, Samael, príncipe dos demônios, teve uma participação grande no primeiro CD, uma não tão grande no segundo álbum, mas segundo o criador dessa obra ele vai aparecer muito no futuro, vamos esperar pra ver! Vale ressaltar aqui o esforço e a coragem do Heleno em conduzir esse projeto, tanto na parte das gravações como no agendamento de shows e coordenação geral, ele é um grande cara e merece todo reconhecimento!
Quais os seus planos para o futuro?
R: Espero me desenvolver cada vez mais como vocalista e num futuro bem próximo estar com uma banda sólida fazendo shows pelo Brasil todo. Quero aproveitar e dizer que estarei cantando com o guitarrisra George Lynch (Dokken e Lynch Mob) juntamente com Andria e Ivan Busic, do Dr Sin e o tecladista Maurício Del Bianco, dia 08/05 no Manifesto Bar aqui em São Paulo, esperamos todos lá. Além de estar em turnê com minha banda Rádio Show (cover band), com mais de 40 datas agendadas até dezembro desse ano.
Nando. Aguardamos ansiosamente sua volta ao cenário Rock/Metal o mais breve possível, fica aqui as linhas para você mandar sua mensagem aos fãs.
R: Gostaria de dizer que sou muitíssimo grato por todo carinho e reconhecimento recebidos ao longo de minha carreira. Aproveito também para pedir desculpas por essa ausência temporária dos palcos e por ter chateado muitos fãs com minha saída do Hangar, mas naquele momento precisei pensar em mim, o que ninguém vinha fazendo, infelizmente! Aprendi muito com meus ídolos, não só na parte musical, mas também na parte pessoal, através do contato que tive com eles, e digo que nunca deixarei de ser eu mesmo por motivo algum nessa vida e que todas as pessoas são dignas de respeito e consideração. Em breve colocarei mais um trabalho a prova e espero não decpcionar aqueles que sempre estiveram comigo.
Muito obrigado por essa grande oportunidade!
Nando, nós que agradecemos pelo tempo cedido a nós e esperamos vê-lo o mais rápido possível em cima dos palcos. Para contato com o artista mande um e-mail para o endereço: nandovocal@yahoo.com.br ou pelo telefone: (11) 81321381 – São Paulo.
9 comentários:
Nando é um cara ímpar nesse meio: um verdadeiro talento pareado com uma humildade imensurável. tive o prazer de conhecê-lo num workshop, que por sinal foi fantástico. Muito boa entrevista! parabens ao blog!!!
Caralho! o Nando é um dos caras mais phoda que eu já vi! não só como musico, mas tu ve que ele tem uma cabeça phoda!
Nando forever!
Sem mais.
Eu também leio as entrevistas...
Não sei como tem gente que publica um babaca desses falando um monte de m...
O que ele falou sobre o Hangar é mentira.
Ou só eu entendo de música por aqui?
Nando isso dá processo,sabia?
Primeiro posta com seu nome e sua foto e depois conversamos.
Tipo coisa de homem, blza brother?
Desculpa o amigo ae galera, é só um fã magoado com algumas verdades, eu entendo ele.
Muita força ai Nando! Ansioso para que seus planos deem frutos.
De um grande fã
Em 1º lugar parabéns pela fantástica entrevista. Acompanho os trabalhos do Nando desde o Cavalo Vapor, e sem dúvidas, o considero o melhor vocalista do Brasil. Mesmo sendo fã tbm de outros vocalistas brasileiros como: Andre Matos e Humberto Sobrinho.Espero ansiosamente mais um de seus trabalhos com muito esmero,como sempre são.
De um grande fã.
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