terça-feira, 24 de maio de 2011

Entrevista Rafael Bittencourt (Maio 2011)






Um dos grandes nomes do cenário Metal nacional e um dos fundadores de uma das mais respeitosas bandas do cenário nacional e internacional.




É com imensa satisfação que batemos um papo com o guitarrista Rafael Bittencourt (Angra, Bittencourt Project) sobre o álbum Aqua do Angra, seu projeto solo e algumas curiosidades.




Confira:







Rafael, como fundador e guitarrista do Angra, como você descreveria a evolução da banda,altos e baixos, desde o primeiro registro “Reaching Horizons” até o presente lançamento“Aqua” ?


É visível, em minha opinião, o amadurecimento do grupo. Como compositores, como instrumentistas, no profissionalismo etc. Dentro do grupo eu noto que a gente consegue objetivos que antes eram mais penosos de maneira mais ágil e prática.


O Angra é uma banda que já passou por algumas mudanças de formação, crise na indústria fonográfica, crises financeiras nacionais e internacionais, vimos nascer e morrer outros modismos e estilos etc.


Sobrevivemos à muitos contratempos e ainda assim o público se interessa por acompanhar e freqüentar os shows da banda. Eu posso dizer que nestes últimos 20 anos o mundo mudou e o Angra conseguiu acompanhar estas mudanças.




Desde o início da banda você assumiu o importante papel de ser um dos grandescompositores da banda, tornando algumas músicas não só clássicos do Angra mas também clássicos do Metal Melódico. Como é este trabalho de composição? De onde vêm suas inspirações? Existe algum assunto que ainda não tratou em suas composições mas que ainda pretende?


A inspiração parte da observação dos acontecimentos da minha vida e dos que estão ao meu redor. A composição é um trabalho que envolve a construção de idéias intuitivas com uma organização bem lógica e racional da estrutura. Tudo tem que estar no seu devido lugar para ter a força que parece ter na sua cabeça quando se imagina a idéia. É um longo trabalho o de aprimorar este desenvolvimento. Conhecer os elementos musicais a fundo, desenvolver a percepção auditiva e muito treino é o caminho inevitável.









Existe alguma diferença no trabalho de composição entre a banda Angra e o seu projeto, o Bittencourt Project? Falando nisso, como surgiu a idéia do projeto solo?


Não muita diferença, porém no Angra, o estilo é mais bem formatado. Se eu faço uma música que foge deste estilo eu tenho que deixar para um trabalho solo. O projeto era um sonho antigo. Veio da vontade de explorar caminhos de estilo e sonoridades que não se enquadravam no Angra. E, assim que eu percebi que já existia material suficiente resolvi fazer o disco.






Ainda em seu trabalho solo, você acredita que apenas devido a pausa forçada do Angra, ele foi capaz de ser lançado, ou já estava em seus planos? As composições que ali estão foram feitas direcionadas para o projeto ou existem sobras do Angra? Como foi a seleção das faixas que entraram no álbum? Existe algum plano para o segundo álbum?

Algumas músicas haviam sido rejeitadas pelo Angra. Foi o caso de Nacib Véio. Outras eu já estava compondo na tentativa de criar uma outra linguagem, que contivesse as características do meu estilo pessoal, sem os extremismos do Angra que são os bumbos rápidos, solos virtuosos e vocais agudos. A seleção foi baseada nas músicas que estavam mais adiantadas ou que se mostravam mais fortes. Eu quis fazer algo bem variado e acho que consegui. Tem violão, viola caipira, guitarra instrumental, letras em português e em inglês.


Quem sabe o ano que vem posso me dedicar a um segundo. Eu quero muito que isto seja possível.






Recentemente o Angra passou por um período meio conturbado que resultou em um álbum considerado mediano pela crítica e que impôs uma longa pausa das tarefas da banda, resultando até na saída de um dos membros. Como foi encarar esse período como um dos remanescentes da formação original e um dos líderes da banda? Em algum momento pensou em desistir?


Sim, pensei em desistir em alguns momentos. A força que os fãs passaram, os amigos e o pessoal do grupo que ainda queriam continuar me motivaram. Mas, hoje estou bem acostumado a ter conturbações dentro da banda. Infelizmente, virou um padrão na nossa estória.




Rafael, uma pergunta que todos gostariam de fazer mas que nunca te perguntam, sei que é algo delicado, mas, existe algum tipo de contato seu com os antigos membros da banda, me refiro a todos que já passaram pelo Angra? Os planos do DVD de aniversário da banda foram deixados de lado? O material abrangeria todas as fases da banda?


Apenas com o Ricardo Confessori que hoje está de volta a banda. O André e o Luis eu perdi o contato. Planos para edições de aniversário seriam legais, mas não sei quanto de trabalho dará juntar os egos.






“Temple Of Shadows” e “Aqua” apresentam características semelhantes, embora a maior divergência entre eles seja o peso nas músicas. Isso foi algo proposital da banda ou se deve ao tipo de texto em que vocês se basearam na hora de compor?


Foi algo acidental e há quem discorde ainda disto. Por exemplo, houve resenhas que disseram que este álbum se inspirou no Holy Land, por exemplo. O que a gente procurou resgatar foi a sintonia na hora de compor e produzir que rolou durante o processo dos grandes álbuns. Criar uma boa atmosfera para a criação e depois com técnicas de produção captar tudo isto é o segredo. Mas não é fácil fazer isto na prática.






Para terminarmos este papo Rafael, nos diga como está sendo a repercussão do álbum “Aqua” ao redor do mundo? Como você vê o mercado nacional para este estilo de música e o que o difere com o internacional?


A repercussão foi ótima. É um álbum que eu tenho bastante orgulho de ter feito. Acho que representa bem o momento que a banda está vivendo, está em sintonia com as tendências e tem os elementos que as pessoas mais curtem no nosso som. Aqui no Brasil há muitas bandas excelentes pipocando o tempo todo. Muitas delas bem sintonizadas com as bandas européias etc. Mas ainda acho que precisamos criar uma cena forte de som bom em português e com elementos da brasilidade.







Rafael, o nosso muito obrigado pelo tempo cedido a responder nossas perguntas. Esperamos vê-lo em breve nos palcos com o Angra ou o Bittencourt Project ou mesmo em um workshop, fica aqui o espaço para você mandar uma mensagem aos seus fãs.


Muito obrigado a vocês. Abraços.

3 comentários:

Mateus Ribeiro disse...

Muito boa a entrevista, valeu!!

Fabiano disse...

mas não sei quanto de trabalho dará juntar os egos.

Opa,ele incluiu o dele ae?

Anônimo disse...

Ótima entrevista!!!