Rafael, como fundador e guitarrista do Angra, como você descreveria a evolução da banda,altos e baixos, desde o primeiro registro “Reaching Horizons” até o presente lançamento“Aqua” ?
É visível, em minha opinião, o amadurecimento do grupo. Como compositores, como instrumentistas, no profissionalismo etc. Dentro do grupo eu noto que a gente consegue objetivos que antes eram mais penosos de maneira mais ágil e prática.
O Angra é uma banda que já passou por algumas mudanças de formação, crise na indústria fonográfica, crises financeiras nacionais e internacionais, vimos nascer e morrer outros modismos e estilos etc.
Sobrevivemos à muitos contratempos e ainda assim o público se interessa por acompanhar e freqüentar os shows da banda. Eu posso dizer que nestes últimos 20 anos o mundo mudou e o Angra conseguiu acompanhar estas mudanças.
Desde o início da banda você assumiu o importante papel de ser um dos grandescompositores da banda, tornando algumas músicas não só clássicos do Angra mas também clássicos do Metal Melódico. Como é este trabalho de composição? De onde vêm suas inspirações? Existe algum assunto que ainda não tratou em suas composições mas que ainda pretende?
A inspiração parte da observação dos acontecimentos da minha vida e dos que estão ao meu redor. A composição é um trabalho que envolve a construção de idéias intuitivas com uma organização bem lógica e racional da estrutura. Tudo tem que estar no seu devido lugar para ter a força que parece ter na sua cabeça quando se imagina a idéia. É um longo trabalho o de aprimorar este desenvolvimento. Conhecer os elementos musicais a fundo, desenvolver a percepção auditiva e muito treino é o caminho inevitável.
Existe alguma diferença no trabalho de composição entre a banda Angra e o seu projeto, o Bittencourt Project? Falando nisso, como surgiu a idéia do projeto solo?
Não muita diferença, porém no Angra, o estilo é mais bem formatado. Se eu faço uma música que foge deste estilo eu tenho que deixar para um trabalho solo. O projeto era um sonho antigo. Veio da vontade de explorar caminhos de estilo e sonoridades que não se enquadravam no Angra. E, assim que eu percebi que já existia material suficiente resolvi fazer o disco.
Quem sabe o ano que vem posso me dedicar a um segundo. Eu quero muito que isto seja possível.
Recentemente o Angra passou por um período meio conturbado que resultou em um álbum considerado mediano pela crítica e que impôs uma longa pausa das tarefas da banda, resultando até na saída de um dos membros. Como foi encarar esse período como um dos remanescentes da formação original e um dos líderes da banda? Em algum momento pensou em desistir?
Sim, pensei em desistir em alguns momentos. A força que os fãs passaram, os amigos e o pessoal do grupo que ainda queriam continuar me motivaram. Mas, hoje estou bem acostumado a ter conturbações dentro da banda. Infelizmente, virou um padrão na nossa estória.
Rafael, uma pergunta que todos gostariam de fazer mas que nunca te perguntam, sei que é algo delicado, mas, existe algum tipo de contato seu com os antigos membros da banda, me refiro a todos que já passaram pelo Angra? Os planos do DVD de aniversário da banda foram deixados de lado? O material abrangeria todas as fases da banda?
Apenas com o Ricardo Confessori que hoje está de volta a banda. O André e o Luis eu perdi o contato. Planos para edições de aniversário seriam legais, mas não sei quanto de trabalho dará juntar os egos.
“Temple Of Shadows” e “Aqua” apresentam características semelhantes, embora a maior divergência entre eles seja o peso nas músicas. Isso foi algo proposital da banda ou se deve ao tipo de texto em que vocês se basearam na hora de compor?
Foi algo acidental e há quem discorde ainda disto. Por exemplo, houve resenhas que disseram que este álbum se inspirou no Holy Land, por exemplo. O que a gente procurou resgatar foi a sintonia na hora de compor e produzir que rolou durante o processo dos grandes álbuns. Criar uma boa atmosfera para a criação e depois com técnicas de produção captar tudo isto é o segredo. Mas não é fácil fazer isto na prática.
Para terminarmos este papo Rafael, nos diga como está sendo a repercussão do álbum “Aqua” ao redor do mundo? Como você vê o mercado nacional para este estilo de música e o que o difere com o internacional?
A repercussão foi ótima. É um álbum que eu tenho bastante orgulho de ter feito. Acho que representa bem o momento que a banda está vivendo, está em sintonia com as tendências e tem os elementos que as pessoas mais curtem no nosso som. Aqui no Brasil há muitas bandas excelentes pipocando o tempo todo. Muitas delas bem sintonizadas com as bandas européias etc. Mas ainda acho que precisamos criar uma cena forte de som bom em português e com elementos da brasilidade.
Rafael, o nosso muito obrigado pelo tempo cedido a responder nossas perguntas. Esperamos vê-lo em breve nos palcos com o Angra ou o Bittencourt Project ou mesmo em um workshop, fica aqui o espaço para você mandar uma mensagem aos seus fãs.
Muito obrigado a vocês. Abraços.
3 comentários:
Muito boa a entrevista, valeu!!
mas não sei quanto de trabalho dará juntar os egos.
Opa,ele incluiu o dele ae?
Ótima entrevista!!!
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